Vida de BP

Robert Stephenson Smyth Baden-Powell nasceu em Londres a 22 de Fevereiro de 1857, e faleceu no Quénia em 8 de Janeiro de 1941.

Foi o quinto dos 7 filhos do casal Powell, tendo o pai morrido quando o jovem Ste (diminutivo pelo qual BP era chamado em casa), era ainda criança.

O irmão mais velho, Warington, que andava num navio-escola, era tão apaixonado pelo mar que, quando vinha a casa, levava os irmãos que já tivessem idade para navegar em pequenas excursões náuticas. Foi assim que BP aprendeu a manobrar um barco, acampar, cozinhar e a obedecer a ordens com rapidez.

No decorrer dessas aventuras, alargaram as suas navegações a todo o país e BP aprendeu as regras da exploração e da vida ao ar livre.

 

Em 1869 B-P entrou para a escola de Cartuxa, em Londres, com uma bolsa de estudos. A escola possuía uma mata e BP ia para lá frequentemente observar os animais e por vezes, apanhar um coelho que assava numa fogueira sem fumo para não ser apanhado pelos professores. Aí desenvolveu as suas habilidades na construção de abrigos, fogueiras e uso do machado.

Nunca foi um aluno extraordinário, mas era um dos mais animados. Desempenhava sempre parte ativa em tudo quanto se passava no recreio e possuía grande aptidão para a música, desenho e arte dramática.

Aos 19 anos, após terminar os estudos candidatou-se à Escola do Exercito. Os resultados foram tão bons que recebeu a patente de Alferes e foi destacado para a India.

Muito cedo se distinguiu, não só pelo zelo no cumprimento dos seus deveres (era capitão aos 26 anos), mas também nas habilidades desportivas e boa camaradagem.

Era perito em exploração e em espionagem, tanto assim que foi uma autoridade reconhecida nestes assuntos. Como desportista notabilizou-se na caça a cavalo ao javali, desporto arriscadíssimo mas muito apreciado pela equitação e pela perspicácia que exige no seguimento de pistas.

Em 1884, e porque se receava um conflito com os Boers, o regimento estava na Africa do Sul. Foi nessa altura que BP conheceu os Zulus e também que começou as suas expedições enquanto espião, viajando disfarçado de jornalista.

Em 1887, numa campanha militar contra os Zulus, BP ouviu pela 1ª vez o coro “In-goniama” cantado por uma coluna de Zulus em marcha.

Os nativos, reconhecendo o seu temperamento reflexivo e de pensar antes de agir, deram-lhe o nome de “M’hlala Panzi” que significa “o homem que se deita para disparar” (ou seja, alguém se prepara cuidadosamente antes de agir).

A sua colocação seguinte foi em Malta, onde assumiu o posto de Oficial de Informações para o Mediterraneo. Neste cargo fez diversas viagens e incursões na costa oriental do mediterraneo, agindo como espião e escapando por vezes a muito custo de ser descoberto e capturado.

Em 1893 foi escolhido para uma missão especial no Oeste Africano. O rei dos Achantis estava a perturbar a ordem e BP foi enviado numa expedição para a restaurar. Isso obrigou a uma longa marcha através de densas florestas e inúmeros rios, tendo BP a responsabilidade da exploração e do pioneirismo, desenvolvendo aqui a sua habilidade na construção rápida de pontes improvisadas. Foi aqui, no Oeste Africano, que BP ouviu o ditado ‘devagar, devagarinho, se apanha o macaco’, e que veio a ser o seu preferido, usando-o muitas vezes quando os outros se precipitavam a fazer coisas em vez de as fazerem tranquilamente depois de as terem pensado bem.

Foi nessa campanha contra os Ashanti que BP, ao usar o seu chapeu de cowboy, recebeu dos nativos a alcunha de ‘Kantankye’ que quer dizer ‘chapeu grande’.

Terminada essa expedição com sucesso, pouco depois estava a caminho do que ele dizia ser a melhor aventura da sua vida: a guerra contra os Matabeles. Os Matabeles viviam na zona que é hoje o Zimbabue e tinham-se revoltado e morto os colonos brancos, fugindo depois para as montanhas. A zona fornecia bons esconderijos e era de difícil acesso, pelo que BP foi encarregado da sua exploração. A tarefa não era fácil, BP tinha de descobrir onde estava o inimigo e, mais difícil, como atacar as suas fortalezas. Gastou muitas noites mas desenhou mapas absolutamente corretos e conseguia quase sempre levar os seus soldados para os melhores pontos de ataque e com grande sucesso. Foi nessa guerra que se tornou definitivamente conhecido como um grande explorador e ganhou, dos Matabeles, que o odiavam de morte, o nome de ‘Impisa’ que significa ‘o lobo que não dorme’.

 Foi de todas estas aventuras e experiências que BP recolheu o que mais tarde usaria na educação dos jovens escuteiros.

BP, agora Coronel, deixa o seu antigo regimento para ir ser o comandante de outro, novamente na India. Embora com pena de deixar o seu regimento, lança-se ao seu novo trabalho com o entusiasmo e eficiência habitual, procurando ganhar a confiança dos seus soldados e tentando que encontrassem a felicidade mesmo nas dificuldades.

Mas a sua realização mais importante foi nos métodos de treino. Porque a achava importante, procurou que a exploração se tornasse popular. Os homens eram divididos em pequenas unidades, sob o comando de um deles. Aquele que melhor desempenhasse os seus deveres tinha o privilégio de usar uma insígnia especial: a Flor de Lis, que na bussola indica o rumo Norte.

Em 1899, BP regressa a casa e logo se lança num novo empreendimento. Trouxera consigo da India um manuscrito de um pequeno livro a que chamou “Aids to Scouting” (Auxiliar do Explorador) que continha muitos dos conhecimentos que transmitira aos seus soldados, com muitos exemplos de observação e dedução.

Ainda antes que o livro fosse publicado já ele estava de novo a caminho da Africa do Sul, onde se preparava uma guerra contra os Boers. A sua missão era organizar uma frente militar pronta para qualquer emergência.

Quando a guerra começou estava ele em Mafeking com uma parte das suas forças. Quase ao mesmo tempo, um exercito Boer de 9000 soldados pôs cerco à pequena cidade. Durante 217 dias, BP comanda a defesa da cidade com um nº reduzidíssimo de homens, recorrendo à sua alegria e desenvoltura e tornando-se mundialmente famoso por esse feito.

Foi nesse período que nasceu a ideia do que viria a ser o escutismo quando BP, para libertar todos os homens de tarefas não combativas, recorre à restante população e organiza os rapazes da cidade para formarem um corpo de mensageiros. Os rapazes cumprem as suas missões com tanta dedicação e eficiência que BP fica verdadeiramente impressionado.

Como reconhecimento do seu brilhante feito na defesa de Mafeking, BP foi promovido a Major-General, sendo o mais novo do Exercito Inglês.

Foi-lhe então confiada a importante tarefa de organizar a Policia Montada Sul-Africana. Era um corpo de homens valentes, formado para ajudar na reconstrução desse pais depois da guerra.

Com esta nova experiência, e no regresso a Inglaterra, BP é desafiado a adaptar o seu livro ‘Aids to Scouting’ e os seus conhecimentos de vida ao ar livre e exploração, bem como a experiência com os rapazes de Mafeking, à educação dos jovens ingleses. BP prepara um programa e, em 1907, faz um acampamento experimental na Ilha de Brownsea com cerca de 20 rapazes divididos por 4 patrulhas (Corvo, Maçarico, Touro e Lobo). O acampamento foi um sucesso e, em 1908, BP escreve uma serie de fascículos quinzenais mais tarde editados em livro, a que chama ‘Escutismo para Rapazes’. Os rapazes ingleses aderem em massa aos ensinamentos e organizam patrulhas informais com os seus amigos.

Tinha nascido o escutismo.

 

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